Snowblind

Contrastes do vício e isolamento em "Snowblind" do Black Sabbath

Em "Snowblind", do Black Sabbath, as metáforas geladas vão além de uma simples referência à cocaína. Elas ilustram o contraste entre o prazer imediato proporcionado pela droga e o isolamento emocional que o vício traz. Expressões como “icicles within my brain” (estalactites dentro do meu cérebro) e “winds of ice that soon will spread” (ventos de gelo que logo vão se espalhar) associam o efeito anestésico da cocaína à sensação de congelamento interno, mostrando como a busca por alívio pode resultar em distanciamento e apatia. O contexto da banda, que enfrentava o uso intenso de cocaína durante a gravação do álbum, explica o uso do termo “snow” (gíria para cocaína) e o veto da gravadora ao título original do disco, que faria referência direta à droga.

A letra também destaca a ambiguidade emocional do vício. Trechos como “Feeling happy in my pain” (Sentindo-me feliz na minha dor) e “Makes me happy, makes me cold” (Me faz feliz, me faz frio) mostram como a droga oferece uma felicidade artificial, mas esfria sentimentos e relações. Já “My eyes are blind but I can see / The snowflakes glisten on the tree” (Meus olhos estão cegos, mas eu posso ver / Os flocos de neve brilham na árvore) sugere uma percepção distorcida da realidade, enquanto “The Sun no longer sets me free” (O Sol não me liberta mais) indica a perda de prazer nas coisas simples. No final, a pergunta “Will my ice age ever come?” (Será que minha era do gelo vai chegar?) revela a incerteza e o medo de um congelamento definitivo, tanto físico quanto emocional, causado pelo abuso da droga. Assim, "Snowblind" se torna um retrato direto e crítico do impacto do vício, reforçado pelo clima sombrio da música e pelo contexto vivido pela banda.