Os melhores álbuns de MPB: dos clássicos aos atuais

Álbuns · Por Rannyson Mykael

7 de Maio de 2022, às 19:00


Um erro comum é achar que a música brasileira serve só entretenimento. Tem muita diversão em nossas canções, mas não tem como reduzi-las só a isso. A história da MPB mostra que a música nacional é um reflexo da sociedade e tem funções sociais, além de divertir o público também.

cantores tropicália
Jorge Ben, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes e Gal Costa / Créditos: Divulgação

Ao longo dos anos, vários álbuns foram ganhando destaque, se tornaram clássicos da nossa história e permanecem na cabeça de muitas pessoas. Sabe aquela música que quando toca todos conhecem, desde o mais novo até o mais velho? É exatamente disso que estamos falando.

Por isso, reunimos aqui os melhores álbuns da MPB para aprofundar o conhecimento sobre a música popular brasileira e ver como os diferentes ritmos são agradáveis, independentemente do ano de lançamento.

Os melhores álbuns da MPB

Se alguém disse que apenas as músicas mais antigas da MPB valem a pena, não acredite. Os lançamentos mais atuais também são incríveis e mostram como nós estamos sempre nos reinventando.

É por isso que uma boa lista de melhores álbuns da MPB deve incluir diferentes períodos de tempo, afinal, cada um deles sempre tem algo incrível para contar.

Construção, de Chico Buarque

Não tem como negar que Chico Buarque é um dos maiores artistas nacionais e em Construção, seu quinto álbum de estúdio, ele reforça esse título. Com músicas feitas no contexto da ditadura, vemos diversas críticas ao governo do momento e podemos entender o que estava acontecendo na época

Com toda sua sensibilidade, as músicas de Construção trazem à tona algumas das melhores frases de Chico Buarque, como na icônica faixa que leva o mesmo título do álbum. 

Cartola, de Cartola

Carregando o nome do próprio artista, Cartola foi lançado em 1976 e se mostra até hoje como um dos maiores álbuns da MPB. A obra já começa com O Mundo É Um Moinho, uma das músicas mais dolorosas e reconhecidas mundialmente até hoje. 

Em outras faixas, como Meu Drama (Senhora Tentação) e Sei Chorar, é possível ver fortemente a presença de elementos do samba, algo tão presente na vida de Cartola, já que ele é um dos fundadores da icônica Estação Primeira de Mangueira.

Bom Mesmo É Estar Debaixo D’água, de Luedji Luna

A MPB de 2020 foi muito bem contemplada com o lançamento do segundo álbum de Luedji Luna, Bom Mesmo É Estar Debaixo D’água em que a cantora usa para mostrar suas inspirações, que vão desde o jazz ao R&B, ao mesmo tempo que criava algo completamente novo e seu.

O álbum tem uma pegada social e Luedji canta sobre as dores da mulher negra em uma sociedade machista e racista, mas seus versos também falam sobre amor de uma forma poética e tocante.

O melhor exemplo disso é Lençóis, a maior faixa do álbum e que une versos cantados e recitados de uma maneira inesquecível.

Dica: Bom Mesmo É Estar Debaixo D’água também é um ótimo álbum de MPB para relaxar. Experimente! 

Acabou Chorare, de Novos Baianos

Eleito como o melhor álbum de MPB de todos os tempos pela lista da Rolling Stone, Acabou Chorare foi lançado em 1972 e serviu de inspiração para muitos outros artistas que vieram depois.

Uma curiosidade interessante em relação ao título do álbum é que ele faz referência à tristeza que tomava de conta da MPB na época. A banda queria desfazer um pouco do cenário com músicas mais leves e divertidas para dançar a partir da união entre as particularidades de cada membro dos Novos Baianos.

111 (Deluxe), de Pabllo Vittar

Muita gente pode discordar da seleção de 111 (Deluxe) na lista de melhores álbuns MPB, mas não tem como ser diferente! Pabllo é uma artista revolucionária e tem ganhado cada vez mais o mundo inteiro com elementos trazidos do Maranhão e da região norte, de onde veio.

Na produção, a drag queen traz os remixes das músicas lançadas originalmente em 111, seu último álbum de estúdio até então, de duas novas canções: Eu Vou, que traz elementos clássicos do forró, e Bandida, parceria super agitada com POCAH.

Transa, de Caetano Veloso

Numa lista de maiores cantores de MPB, Caetano Veloso com certeza fica no pódio e Transa exemplifica perfeitamente o motivo: o álbum é sensual, coeso e divertido ao mesmo tempo. 

O melhor de tudo é a voz angelical de Caetano que canta em inglês e português, mostrando versatilidade. You Don’t Know Me, faixa de abertura do álbum, mostra o que podemos esperar das outras músicas a seguir.

Tropicália ou Panis et Circencis, de Vários Artistas

O que poderia acontecer ao juntar nomes como Gilberto Gil e Gal Costa em um mesmo projeto? Só uma palavra: sucesso, e é isso que Tropicália ou Panis et Circencis representa.

O álbum reúne diversos artistas que brilham em músicas próprias e em conjunto, como é o caso de Hino Do Senhor Do Bonfim, que combina as excelentes vozes de Gal Costa, Gilberto Gil, Os Mutantes e Caetano Veloso em uma única música.

Acorda Amor, de Vários Artistas

Assim como Tropicália ou Panis et Circencis, Acorda Amor é um projeto com grandes artistas da música que também deu muito certo. Dessa vez, nomes da MPB contemporânea, como Letrux e Xênia França, têm a oportunidade de brilhar ainda mais. Além delas, quem também faz parte do álbum é Luedji Luna, que já apareceu na lista, Maria Gadú, Liniker e Edgar.

Em Cansaço, as artistas mostram perfeitamente como é possível ter uma faixa repleta de participações e mesmo assim permitir que cada um brilhe do seu jeito. É de deixar todo mundo de queixo caído pela qualidade!

Dolores Dala Guardião do Alívio, de Rico Dalasam

Se a arte é uma forma de levantar debates sobre a nossa sociedade, Rico Dalasam acertou perfeitamente em Dolores Dala Guardiã do Alívio. O álbum parece uma história contada durante uma sessão de terapia, já que traz à tona tantas dores do artista. 

Entre elas, ele fala muito sobre as questões que envolvem o homem negro e seus relacionamentos, como o sentimento de não se sentir compatível com uma pessoa branca, por exemplo, já que ambos vivem realidades tão diferentes. Braille, o grande sucesso do álbum, é uma boa forma de te convencer a ouvir esse projeto o quanto antes!

Os Afro-Sambas, de Baden Powel e Vinícius de Moraes

Os Afro-Sambas é uma coletânea de oito sambas compostos pela parceria entre o violinista e o poeta. Não tinha como o resultado ser diferente, né? 

Além da parte musical incrível e inspiradora para todas as gerações seguintes da MPB, o álbum também é reconhecido por mostrar mais as questões do candomblé e dos orixás, algo que ainda não tinha tanta visibilidade na década de 1960, quando o projeto foi lançado. Canto de Ossanha nos mostra exatamente isso! 

Passado, presente e futuro da MPB

Muitas pessoas costumam achar que MPB são apenas clássicos da música brasileira. São marcos na nossa história, claro, mas é preciso apreciar o que temos de melhor na contemporaneidade também! 

Quando comparamos a velha e a nova MPB, vemos o quanto as coisas mudaram, mas isso não significa algo ruim; pelo contrário, agora novas pautas e pessoas podem ganhar visibilidade para mostrar que a MPB também é sobre inclusão e diversidade. 

A velha e a nova MPB

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