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História da música Cavalo Preto: conheça o hit da novela Pantanal

Analisando letras · Por Ana Paula Marques

29 de Julho de 2022, às 12:00

A história da música Cavalo Preto, a preferida do personagem José Leôncio (Marcos Palmeira) na novela Pantanal, da Globo, tem surpreendido muita gente que assiste à novela.

O hit se tornou fenômeno em todo o Brasil depois de tocar na novela das 21h mais assistida dos últimos tempos: só no YouTube, as buscas pela canção dispararam mais de 3000%.

Zé Leoncio falando "Toca Cavalo Preto"
Créditos: Divulgação

O que nem todo mundo sabe é que a moda de viola tem uma letra cheia de significados ocultos, que dizem muito a respeito da vida no campo e as lendas rurais.

Mais que isso: a música foi gravada em 1946, tem décadas de existência e acabou sendo resgatada dos baús da história para se tornar um sucesso absoluto na trilha sonora de Pantanal.

Vem conhecer tudo sobre história da música Cavalo Preto!

Tudo sobre a história da música Cavalo Preto, sucesso de Pantanal

Quem assiste à novela Pantanal provavelmente já pegou algumas cenas em que a família Leôncio se reúne para uma tradicional moda de viola.

A letra emotiva, que fala sobre viajar pelo Brasil no lombo do “cavalo preto por nome de Ventania” costuma tocar todos na cena, sobretudo por fazer o herói José Leôncio se lembrar do falecido pai.

Por trás da tocante canção, no entanto, há muito que se desvendar. A história da música Cavalo Preto é, afinal, marcada por lendas e até uma temida maldição que se arrasta há mais de sete décadas.

A origem da música Cavalo Preto, de Pantanal

A música Cavalo Preto foi composta pelo autor Anacleto Rosas Jr, um paulista de Mogi das Cruzes, em 1946, mesmo ano em que foi gravada pela dupla Palmeira e Luizinho.

É isso mesmo que você leu: a música mais ouvida de Pantanal é, na realidade, um hit do passado que voltou a estourar!

Anacleto Rosas Jr, compositor de Cavalo Preto
Anacleto Rosas Jr / Créditos: Divulgação

No entanto, Rosas Jr não viveria o suficiente para ver sua composição conquistar sucesso nacional. O compositor morreu em 1978, antes da primeira versão da novela ir ao ar, na tela da extinta TV Manchete, em 1990.

Mesmo a morte de seu compositor, porém, não foi o suficiente para frear o sucesso da faixa, que virou ícone entre os sertanejos.

As regravações de Cavalo Preto

Desde seu lançamento, em 1946, a música Cavalo Preto ganhou versões de muitos cantores brasileiros. A faixa foi regravada por mais de 10 artistas diferentes ao longo das décadas, incluindo Inezita Barroso e a dupla sertaneja Tonico e Tinoco.

Quando Pantanal foi ao ar pela primeira vez, a música foi regravada novamente — dessa vez pelo cantor e ator Sérgio Reis, que vivia o peão Tibério no folhetim de Benedito Ruy Barbosa, em parceria com Almir Sater, que interpretava o peão Trindade.

Em todo o seu passado, porém, Cavalo Preto nunca estourou tanto quanto após o lançamento do remake de Pantanal.

Cavalo Preto e a história de José Leôncio

Mantendo a tradição da novela, a Globo utilizou uma versão gravada pelo sertanejo Chico Teixeira, que também foi escalado para viver o peão Quim no folhetim, com um arranjo ligeiramente diferente.

Mas há quem diga que a história da música Cavalo Preto e seu sucesso passa, na verdade, por um personagem central da novela, José Leôncio. A música tem um significado especial para o peão interpretado por Marcos Palmeira, pois também era a canção preferida de seu pai, Joventino (Irandhir Santos).

Joventino
Créditos: Divulgação

Em uma das cenas, o sertanejo explica que o mítico cavalo preto de seu pai foi batizado de Ventania justamente em referência à música.

Em outro momento, Zé Leôncio se surpreende ao ver o caminhoneiro Zé Lucas (também interpretado por Irandhir Santos) pedir para tocar a música na primeira vez em que se encontram, constatando que o rapaz é mesmo seu filho bastardo.

No fim das contas, a música se prova mais eficiente que um exame de DNA para comprovar a paternidade na família Leôncio.

Análise da letra da música Cavalo Preto

Para conhecer a fundo a história da música Cavalo Preto, é necessário analisar com calma a sua letra, que faz referências a uma antiga lenda colonial que mistura cavalos a rituais religiosos.

Em Portugal, durante os anos de colonização do Brasil, havia uma crença de que os cavalos eram, na verdade, animais santos, enquanto outras pessoas acreditavam que os equinos carregavam consigo o espírito da morte.

E não é só isso. Alguns estudiosos indicam que pode se tratar de uma referência ao Apocalipse, já que, na Bíblia, o cavaleiro das profundezas monta justamente um cavalo preto.

Essa referência não ficou de fora de Pantanal. O peão Trindade (Gabriel Sater), que toca e canta a música, é um personagem que tem um pacto com ninguém menos que o próprio diabo.

O cavalo preto Ventania

Logo na primeira estrofe, a letra da música Cavalo Preto menciona o tal cavalo preto.

Tenho um cavalo preto

Por nome de ventania

Um laço de doze braças

Do couro de uma novilha

O nome do equino está ligado diretamente às lendas e aos costumes coloniais portugueses, desde os tempos medievais.

Quando Portugal ainda nem existia e o país fazia parte do Império Romano, os lusitanos acreditavam que o vento que sopra do oeste teria fecundado as éguas que viviam ao longo das margens do rio Tejo e dado origem a todos os cavalos velozes.

Por isso, tornou-se tradição batizar os cavalos mais rápidos de Ventania, simbolizando animais tão ligeiros que, muitas vezes, eram simplesmente indomáveis.

Como os cavalos considerados mais velozes são os puro-sangue-árabes, que existem em grande escala com a pelagem negra, logo a expressão “cavalo preto” tornou-se quase sinônimo de cavalo veloz, ou “Ventania”.

Simbolismo sobre a morte na música de Pantanal

A música continua, mencionando cenas comuns à vida sertaneja no Brasil, como as árduas jornadas no lombo das montarias e o trabalho no campo.

No lombo do meu cavalo

Eu viajo o dia inteiro

Vou dum estado pro outro

Eu não tenho paradeiro

E é, então, que muitos percebem uma guinada quase sobrenatural na canção, com menções a ritos católicos e a passagens bíblicas de maneira subliminar.

Com minha capa gaúcha

Eu me cubro o corpo inteiro

Adeus que eu já vou partindo

O trecho acima seria uma referência à morte, supostamente carregada nas costas de um cavalo preto, conforme a doutrina cristã.

Em seguida, o interlocutor da canção pede a proteção divina nessa nova etapa de sua existência.

Depois de manhã bem cedo

Quero estar em Piedade

Deus me deu esse destino

E muita felicidade

Carregada de simbolismo, ou não, uma coisa é certa: a história da música Cavalo Preto é tão cativante quanto a letra e a melodia do modão, que conquistou Zé Leôncio e espectadores do Brasil inteiro!

Tudo sobre a música Pantanal, tema da novela das 21h

A música sertaneja Cavalo Preto não é a única moda de viola que enriquece a trilha sonora da novela Pantanal.

O folhetim tem em sua trilha sonora faixas de grandes artistas, como Belchior, Alceu Valença, Renato Teixeira, Roberta Miranda, Marília Mendonça e Almir Sater, além da faixa de abertura, na voz inconfundível de Maria Bethânia.

Por isso, não deixe de conferir a análise da música Pantanal, tema da novela da Globo, e todas as curiosidades por trás da canção!

Analise da musica Pantanal