16 de Dezembro de 2020, às 12:00
Noel Rosa é aclamado como um dos mais importantes artistas da música brasileira.
O cantor, compositor e violonista carioca foi um dos responsáveis por levar o samba feito nos morros para a rádio, popularizando um gênero que, até então, ficava restrito às periferias do Rio de Janeiro.
Sua obra é considerada como um retrato da sociedade carioca do início do século XX, uma vez que aborda temas que refletem as mudanças políticas, culturais e econômicas da cidade.
Conhecido como o Poeta da Vila, Noel Rosa morreu prematuramente aos 26 anos, devido a uma tuberculose mal tratada. Ainda assim, deixou um legado de mais de 300 músicas, entre marchinhas de carnaval, choro, samba-canção e até teatro musicado.
Vem saber mais sobre Noel Rosa e sua biografia!
Noel Medeiros Rosa nasceu em 11 de dezembro de 1910, no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Filho do comerciante Manuel Medeiros Rosa e da professora Marta de Medeiros Rosa, ele nasceu de um parto complicado, que exigiu o uso de fórceps.
Isso fraturou o seu maxilar e deixou o rapaz com uma paralisia parcial no lado direito do rosto, o que fez com que suas feições ganhassem um aspecto particular que se acentuou à medida que Noel crescia.
Mesmo sendo submetido a duas cirurgias, aos seis e aos doze anos, sua fisionomia não mudou tanto e a condição o marcou durante toda a vida. Na adolescência, ganhou o apelido de “Queixinho” na escola, o que lhe causava grande sofrimento.
Com o início da Primeira Guerra, a loja de roupas masculinas do seu pai foi à falência, levando o ex-comerciante a partir para o interior de São Paulo para trabalhar nas fazendas de café.
Assim, sua mãe decidiu abrir a escola Externato Santa Rita de Cássia para sustentar os filhos, Noel e Heleno Rosa. Foi a mãe quem o alfabetizou.
Autodidata, Noel aprendeu a tocar bandolim de ouvido e logo percebeu que a música proporcionava a ele uma atenção especial dos colegas. Do bandolim passou a tocar violão, inspirado pelo pai, que tocava o instrumento em suas visitas à família.
Ao lado de seu irmão, também instrumentista, ele passou a frequentar a boemia carioca e juntos ganharam a fama de “músicos da Vila Isabel”. Aos 15 anos, já possuía pleno domínio do violão.
No início da década de 30, Noel ingressou na Faculdade Nacional de Medicina, mas abandonou o curso depois de dois anos para viver de música.
Nessa época, ele já tinha integrado vários grupos musicais, como o Bando de Tangarás, ao lado de João de Barro (o Braguinha), Almirante, Alvinho e Henrique Brito.
Com influência da música sertaneja, os Tangarás gravaram seu primeiro disco em 1929. Fizeram grande sucesso e foram convidados para se apresentarem em cinemas, teatros e rádios.
No mesmo ano, Noel já arriscava suas primeiras composições, como Minha Viola e Festa No Céu, que ele mesmo gravou. No entanto, seu maior sucesso surgiu em 1930, com o lançamento de Com Que Roupa?, samba que hoje é considerado como um clássico da música brasileira.
Escrita a partir de um episódio real, em que o músico queria sair com os amigos mas sua mãe escondeu suas roupas para que ele não saísse, a música foi a sensação do carnaval carioca de 1931.
Noel Rosa passou a se destacar no samba e ganhar a preferência do público com suas composições bem humoradas, que falavam de amor e questões do cotidiano.
Ele também protagonizou uma polêmica rivalidade com Wilson Batista, na qual os sambistas se atacavam através de sambas agressivos e irônicos. Dessas canções destacam-se dois clássicos: Feitiço da Vila e Palpite Infeliz.
Em 1933, o músico Almirante gravou uma composição de Noel feita em parceria com Kid Pepe: o samba O Orvalho Vem Caindo, que se tornou um hit do carnaval de 1934.
Em 1932, o artista adentrou o mundo das rádios, trabalhando como contra-regra na Rádio Philips, no programa de Ademar Casé. Apesar da sua voz fraca, em contraste a grandes vozes da época, ele também costumava cantar suas canções.
Em 1935, ele aceitou o convite de Almirante para trabalhar na Rádio Club do Brasil, que ficava ao lado do Café Nice, ponto de encontro de sambistas e músicos que compravam composições de artistas mais pobres.
Nesta rádio, ele foi contratado para redigir quadros humorísticos para o programa Conversa de Botequim, copiando piadas de almanaques antigos.
Como a função não correspondia ao talento do compositor, ele acabou sendo escalado para escrever outros formatos de programas de humor.
Assim, Noel passou a fazer paródias de músicas populares, incluindo suas próprias composições e até do Hino Nacional, que não foi muito bem recebida. Além dos humorísticos, ele escreve ainda duas revistas radiofônicas: Ladrão de Galinha e O Barbeiro de Niterói.
Noel Rosa era conhecido por ser mulherengo e ter tido vários casos com mulheres solteiras e casadas.
Em 1934, ele se casou com uma sergipana de apenas 13 anos, Lindaura, devido à pressão da mãe da moça. Grávida, ela sofreu um aborto espontâneo meses após o casamento.
Mesmo casado, Noel não abandonou a vida boêmia que levava. Ainda em 1934, ele conheceu o grande amor da sua vida: a dançarina Ceci, com quem teve um caso durante muitos anos.
Ela foi a musa inspiradora de sambas como Último Desejo, Dama do Cabaré e Pra Que Mentir. Em 1935, o poeta recebeu a notícia do suicídio de seu pai.
Acometido por uma tuberculose, Noel não deixou de frequentar os bares. Em 1935, ele foi para Belo Horizonte com a mulher para tratar de sua saúde.
Porém, o tratamento durou poucos dias e, após apresentar melhora, o músico retornou à boemia e às apresentações.
Em 1936, viajou para a região serrana, a fim de novamente tratar da saúde. No entanto, seu estado piorou e ele retornou ao Rio de Janeiro, onde não conseguiu se recuperar.
Em 4 de maio de 1937, Noel Rosa faleceu em sua casa. Seu corpo está enterrado no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro.
Agora que você conheceu a biografia de Noel Rosa, que tal conferir quem são os 10 maiores sambistas antigos e relembrar dos grandes artistas do gênero?
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