Maria

Desejo idealizado e devoção juvenil em “Maria” de Blondie

A música “Maria”, da banda Blondie, aborda o desejo adolescente de forma intensa, misturando idealização da figura feminina com referências religiosas. O refrão “Regina, Ave Maria” destaca essa conexão, remetendo à imagem da mulher como uma figura quase sagrada. Jimmy Destri, autor da canção, contou que se inspirou em suas experiências na escola católica, onde a garota dos sonhos era vista como inalcançável e colocada em um pedestal. Isso explica o tom de adoração presente em versos como “She moves like she don't care / Smooth as silk, cool as air” (Ela se move como se não ligasse / Suave como seda, fria como o ar), que retratam Maria como alguém etérea e irresistível.

A letra mostra o impacto que essa figura exerce sobre quem a observa, com frases como “your heart beats like a subway train” (seu coração bate como um trem do metrô) e “it makes you wanna die” (isso faz você querer morrer), transmitindo a intensidade e o sofrimento do desejo não correspondido. Expressões como “a million and one candle lights” (um milhão e uma luzes de velas) reforçam a ideia de devoção, como se Maria fosse alvo de uma vigília. Ao mesmo tempo, versos como “Don't you wanna take her / Wanna make her all your own” (Você não quer levá-la / Quer tê-la só para você) revelam a frustração e a obsessão típicas das paixões platônicas. Assim, “Maria” equilibra energia pop e emoção crua, celebrando o poder do desejo e da idealização, mas também reconhecendo o sofrimento e a distância que acompanham esse tipo de paixão.