Augustine

Reflexões Sobre Identidade e Perda em 'Augustine' de Blood Orange

A música 'Augustine' de Blood Orange, nome artístico de Devonté Hynes, é uma reflexão profunda sobre identidade, perda e a busca por compreensão em meio a adversidades. A letra começa com uma narrativa pessoal, mencionando o pai jovem e a mãe imigrante, sugerindo uma história de origem marcada por desafios e resiliência. A menção de 'cabeças que bateram no pavimento' várias vezes indica uma vida de dificuldades e lutas constantes, mas também de sobrevivência e resistência.

O refrão, que repete 'See, Augustine, Late have I loved and chose to see', parece ser uma referência a Santo Agostinho, um filósofo e teólogo que escreveu sobre a busca tardia pelo amor e pela verdade. A letra sugere uma realização tardia e uma escolha consciente de ver a força e a conexão com outra pessoa, simbolizada pelo 'calor da pele'. Essa conexão é uma fonte de conforto e força em meio às dificuldades.

A música também aborda temas de perda e injustiça, mencionando Trayvon Martin, um jovem afro-americano cuja morte se tornou um símbolo do movimento Black Lives Matter. A linha 'Cry and birth my deafness while Trayvon falls asleep' sugere uma dor profunda e uma sensação de impotência diante da injustiça. A repetição do nome 'Nontetha' no final da música pode ser uma referência a Nontetha Nkwenkwe, uma profetisa sul-africana que foi uma figura de resistência e esperança. A música, portanto, entrelaça histórias pessoais e coletivas de luta, perda e a busca por significado e conexão em um mundo muitas vezes injusto.