Salt

Dor e vulnerabilidade em "Salt" de B.Miles

Em "Salt", B.Miles explora a dor emocional de forma direta e intensa, especialmente ao repetir a frase “Pour the salt in the wound” (Jogue sal na ferida). Essa escolha não só reforça o sofrimento, mas também mostra uma aceitação consciente da dor, como se a artista preferisse sentir tudo a se anestesiar diante da ausência de amor. O simbolismo do sal ganha ainda mais peso ao sabermos que, durante a composição, B.Miles estava fisicamente machucada, com queimaduras de segundo grau, e imaginou literalmente o sal sendo despejado nas feridas. Essa conexão entre dor física e emocional torna a música ainda mais autêntica.

A letra cria um clima de solidão e vulnerabilidade, evidente em versos como “Oh, I need love the most / But it never stays long” (“Ah, é quando mais preciso de amor / Mas ele nunca fica por muito tempo”) e “Just me and my lonesome / Ashes on the tray long overdue” (“Só eu e minha solidão / Cinzas no cinzeiro há muito tempo”). O desejo de ser aquecida pela presença de alguém, expresso em “keep me warm” (“me mantenha aquecida”), contrasta com a realidade do abandono. O trecho “crack the door with a trash bin / Maybe you will come back in” (“deixo a porta entreaberta com uma lixeira / talvez você volte”) revela uma esperança persistente de reconciliação. Além disso, o contexto de saudade de casa — já que B.Miles gravou a música em Nova York sentindo falta de Los Angeles — intensifica o sentimento de deslocamento e busca por conforto. "Salt" se destaca como um retrato honesto do desamor, onde a artista transforma o sofrimento em expressão artística.