How The World Works

Crítica social e ironia em “How The World Works” de Bo Burnham

Em “How The World Works”, Bo Burnham utiliza uma mudança brusca de tom, saindo de uma atmosfera infantil para uma crítica direta à sociedade. O fantoche Socko, inspirado no humor absurdo de Hans Teeuwen, é fundamental para mostrar o contraste entre a visão otimista ensinada às crianças e as duras realidades do mundo. Quando Socko declara: “The world is built with blood! And genocide and exploitation!” (O mundo é construído com sangue! E genocídio e exploração!), ele desmonta a narrativa simplificada dos versos iniciais, revelando as injustiças e desigualdades presentes nas estruturas sociais e econômicas.

A dinâmica entre Burnham e Socko também ironiza a relação de poder entre quem controla a narrativa e quem tenta expor verdades desconfortáveis. O momento em que Burnham diz “Remember who's on whose hand here” (Lembre-se de quem está com a mão em quem aqui) simboliza como vozes críticas são frequentemente silenciadas por quem está no comando. A música faz uso constante de sarcasmo, especialmente ao abordar temas como “private property's inherently theft” (propriedade privada é, por natureza, roubo) e “neoliberal fascists are destroying the left” (fascistas neoliberais estão destruindo a esquerda). Esses temas são apresentados de forma direta, mas logo abafados pelo retorno ao formato de programa infantil, criticando tanto a superficialidade das explicações tradicionais quanto a resistência em aceitar críticas profundas ao status quo. Burnham usa o humor e o desconforto para provocar reflexão sobre as contradições do mundo.