Repeat Stuff

Crítica à indústria pop e ao consumo em “Repeat Stuff”

Em “Repeat Stuff”, Bo Burnham faz uma crítica direta à indústria pop ao usar a própria estrutura da música para ilustrar o que denuncia. Ele constrói versos genéricos e um refrão repetitivo, como em “Repeat stuff, repeat stuff, repeat stuff”, para mostrar como o pop aposta em fórmulas prontas e letras superficiais. Ao dizer “I love your hair, I love your name, I love the way you say it” (“Eu amo seu cabelo, eu amo seu nome, eu amo o jeito que você fala”), Burnham ironiza as declarações de amor vazias, comuns em músicas românticas, e escancara o quanto essas frases poderiam ser direcionadas a qualquer pessoa. A crítica se aprofunda quando ele afirma: “I love the fact that you are dumb enough to not realize everything I’ve said has been said before” (“Eu amo o fato de você ser ingênua o bastante para não perceber que tudo o que eu disse já foi dito antes”), responsabilizando também o público por aceitar esse ciclo de repetição sem questionar.

Burnham vai além ao destacar como o marketing musical explora inseguranças dos jovens, como em “Designed by a marketing team / Cashing in on puberty and low self esteem” (“Criado por uma equipe de marketing / Lucrando com a puberdade e baixa autoestima”). Ele ironiza a preocupação superficial com a inclusão, citando “meninas sem braços” apenas porque elas não podem comprar músicas, mostrando que o lucro está acima de qualquer valor real. No final, ao mencionar “satan” e “iluminatti”, ele faz uma paródia das teorias conspiratórias e do sensacionalismo em torno do pop. O verso “We’ll stop beating this dead horse when it / Stops spitting out money” (“Vamos parar de bater nesse cavalo morto quando ele parar de cuspir dinheiro”) resume a crítica: enquanto houver lucro, a repetição continuará. Burnham, ao mesmo tempo em que critica, se coloca como parte desse sistema, tornando a sátira ainda mais incisiva.