
With God On Our Side
Bob Dylan
Desmontando o patriotismo em “With God On Our Side”
A mesma frase que legitima massacres vira, no final, um pedido de contenção: “If God’s on our side he’ll stop the next war” (Se Deus estiver do nosso lado, ele vai impedir a próxima guerra). Dylan usa a cadência de balada patriótica para desmontar o catecismo do patriotismo religioso, mostrando como “God on our side” (Deus do nosso lado) funciona como salvo‑conduto moral. O narrador se diz formado pelos “history books” (livros de história) e pela memorização de “heroes” (heróis), e percorre a linha do tempo: do massacre dos nativos — “The cavalries charged the Indians fell” (A cavalaria investiu, os indígenas caíram) — à Guerra Hispano‑Americana, à Guerra Civil e à Primeira Guerra. Ele “aprende a aceitar com orgulho” sem entender o porquê, porque “you don’t count the dead / When God’s on your side” (você não conta os mortos / quando Deus está do seu lado). Na Segunda Guerra, o choque é frontal: “Though they murdered six million... The Germans now too have God on their side” (Embora tenham assassinado seis milhões... os alemães agora também têm Deus do lado deles). Na Guerra Fria, vira hábito: “I’ve learned to hate the Russians” (aprendi a odiar os russos), enquanto a tecnologia traz a apatia moral — “we got weapons of chemical dust... one push of the button” (temos armas de pó químico... um toque no botão) — e “you never ask questions / When God’s on your side” (você nunca faz perguntas / quando Deus está do seu lado). O verso sobre Judas — “whether Judas Iscariot had God on his side” (se Judas Iscariotes tinha Deus do lado dele) — leva o argumento ao limite. No desfecho, “I’m weary as Hell... If God’s on our side he’ll stop the next war” (estou cansado pra diabo... se Deus estiver do nosso lado, ele vai impedir a próxima guerra), o slogan vira condição ética.
Lançada em 1964, no álbum The Times They Are a‑Changin’, a canção examina historicamente o uso de Deus para legitimar guerras. Dylan chegou a incluir ao vivo um verso sobre o Vietnã nos anos 1980, mostrando a atualidade do tema. A melodia ecoa “The Patriot Game”, de Dominic Behan (baseada em uma tradicional irlandesa), o que gerou acusações de plágio; ironicamente, a proximidade com uma canção nacionalista reforça a subversão de Dylan. A linha sobre Judas influenciou Tim Rice em Jesus Christ Superstar, sinal de como a faixa ultrapassou o comentário político e entrou no debate cultural sobre culpa e redenção, ampliado por intérpretes como Joan Baez.
O significado desta letra foi gerado automaticamente.



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