It's Alright, Ma (I'm Only Bleeding)

Crítica social e existencial em "It's Alright, Ma (I'm Only Bleeding)"

Em "It's Alright, Ma (I'm Only Bleeding)", Bob Dylan faz uma crítica direta à hipocrisia social e política dos anos 1960, sem oferecer consolo fácil ao ouvinte. Quando afirma “Money doesn’t talk, it swears” (O dinheiro não fala, ele xinga), Dylan denuncia o poder destrutivo do dinheiro e a corrupção moral evidente na sociedade. O verso “He not busy being born is busy dying” (Quem não está ocupado em nascer está ocupado em morrer) resume a visão existencialista da música, mostrando que a estagnação leva à morte simbólica e que buscar sentido é um desafio constante diante do conformismo.

A letra ataca a manipulação da mídia e da publicidade, como em “Advertising signs that con you into thinking you’re the one” (Placas de publicidade que te enganam fazendo você pensar que é o escolhido), e critica a superficialidade das instituições religiosas e políticas, exemplificada em “Even the president of the United States sometimes must have to stand naked” (Até o presidente dos Estados Unidos às vezes precisa ficar nu). O contexto dos anos 1960, marcado pelo consumismo, Guerra Fria e movimentos de contestação, reforça o tom pessimista de Dylan sobre a autenticidade das lideranças e a alienação individual. Em “Disillusioned words like bullets bark / As human gods aim for their mark” (Palavras desiludidas latem como balas / Enquanto deuses humanos miram seu alvo), ele questiona a idolatria de figuras públicas e a banalização da violência.

O refrão “It’s alright, Ma” aparece como um alívio irônico, sugerindo resignação e aceitação amarga da realidade. A instrumentação simples, centrada no violão folk-blues, reforça a sensação de honestidade crua. Dylan expõe as contradições do mundo e propõe a lucidez dolorosa como única forma de resistência diante de uma sociedade onde “all is phony” (tudo é falso).