She Belongs to Me

A independência feminina em "She Belongs to Me" de Bob Dylan

"She Belongs to Me", de Bob Dylan, apresenta uma mulher marcada pela independência, criatividade e mistério. Nos versos “She’s got everything she needs / She’s an artist, she don’t look back” (Ela tem tudo o que precisa / Ela é uma artista, ela não olha para trás), Dylan destaca uma figura feminina autossuficiente, que não se prende ao passado. O trecho “She can take the dark out of the nighttime / And paint the daytime black” (Ela pode tirar a escuridão da noite / E pintar o dia de preto) reforça o poder transformador e quase mágico dessa mulher, usando metáforas para exaltar sua influência e singularidade.

O contexto sugere que a inspiração para a canção pode ter vindo de Suze Rotolo ou Joan Baez, sendo a referência ao “Egyptian red ring” (anel vermelho egípcio) frequentemente associada a Baez. Isso adiciona uma camada pessoal à letra, aproximando a figura retratada de musas reais da vida de Dylan. O tom da música é observador e irônico, especialmente quando o narrador admite que qualquer tentativa de conquistar essa mulher resulta em submissão: “You will wind up peeking through her keyhole / Down upon your knees” (Você vai acabar espiando pelo buraco da fechadura dela / De joelhos). Ao afirmar “She’s nobody’s child / The Law can’t touch her at all” (Ela não é filha de ninguém / A lei não pode tocá-la de forma alguma), Dylan reforça a ideia de liberdade absoluta, tornando-a inalcançável e fora das convenções sociais. Os presentes inusitados citados no final, como “a trumpet” (um trompete) para o Halloween e “a drum” (um tambor) para o Natal, sublinham o caráter excêntrico e imprevisível da mulher, consolidando sua imagem como alguém admirada, temida e, acima de tudo, livre.