Catarina
Bolinha e Mineirinho
Mineirinho, ocê sabe que eu sô casado com uma muié e tenho sete fia muié, rapaz!
Ô Bolinha, ocê tá parecendo o Garrincha?
Bão, só com uma diferença, né? O Garricha gosta de bola e muié e eu gosto de muié e serenata
Falô em serenata ocê não sabe o que se alembra
Já sei, na Catarina. Ô Catarina, ocê lembrô daquela serenata que nóis fizemo pra ela, né?
É
Imagina vancê que aquele dia nóis chegamo embaixo da janela da casa dela, era duas hora da madrugada, né? Peguemo no violão e comecemo
Catarina vem cá embaixo
Que uma hora eu tô aqui
A lua tá tão clara
E eu não posso mais dormi
Foi só nóis garrá cantá o guarda chegô e falô, tá preso
Falei, mais preso por que, seu guarda? Coisa engraçada ocêis não sabe que é proibido fazê serenata?
Falei, mas seu guarda, não temo fazendo serenata, nóis tamo cantando
Catarina vem cá embaixo
Que uma hora eu tô aqui
A lua tá tão clara
E eu não posso mais dormi
Mas o guarda não quis sabê de conversa. Pegô o Mineirinho prum braço e eu pro outro e nóis fomo os dois pra rua de braço dado com o guarda, mas nóis não esquecemo
Catarina vem cá embaixo
Que uma hora eu tô aqui
A lua tá tão clara
E eu não posso mais dormi
Quando nóis cheguemo na delegacia que o delegado viu nóis dois de violão na mão, falô, já sei, vocês dois foram preso porque tavam fazendo serenata, né?
Falei, que nada seu doutor, nóis tava cantando
Catarina vem cá embaixo
Que ema hora eu tô aqui
A lua tá tão clara
E eu não posso mais dormi
Mas o delegado não quis sabê de conversa. Pegô chamô o carcereiro e falô, carcereiro vem cá, bota esses dois lá embaixo com essa tár de
Catarina vem cá embaixo
Que uma hora eu tô aqui
A lua tá tão clara
E eu não posso mais dormi
Menino, nóis passemo a noite inteira no xilindró, mas um gosgo nóis tivemo, fizemo todos os preso cantá
Catarina vem cá embaixo
Que uma hora eu tô aqui
A lua tá tão clara
E eu não posso mais dormi
No outro dia de minha o delegado mandô chamá nóis lá em cima. Cheguei lá falei, o que que há doutor? Ele falô, o que que há é? Sabe que ocês dois essa noite enchero com essa tár de
Catarina vem cá embaixo
Que uma hora eu tô aqui
A lua tá tão clara
E eu não posso mais dormi
Oi, nem meu escrivão não pode escrevê mais, eu mando ele escrevê um negócio ele começa
Catarina vem cá embaixo
Que uma hora eu tô aqui
A lua tá tão clara
E eu não posso mais dormi
Falô, qué sabê de uma coisa, achão bão ocêis dois í embora, as a outra vez que ocêis aparecê aqui na delegacia com essa tár de
Catarina vem cá embaixo
Que uma hora eu tô aqui
A lua tá tão clara
E eu não posso mais dormi
Quando nóis ia saindo assim o sentinela viu nóis falô, o Bolinha, o Mineirinho, vem cá rapaz, eu também quero aprendê a
Catarina vem cá embaixo
Que uma hora eu tô aqui
A lua tá tão clara
E eu não posso mais dormi
Quando nóis saímo na rua encontremo com o Luizinho, Limeira e Zezinha, que vinham vindo que tinham trabaiado num circo tavam vortando. Aí o Luizinho chegô ni mim falô, Bolinha, pera aí, onde é que ocêis dormiro essa noite? Falei, ah nóis dormimo com a
Catarina vem cá embaixo
Que uma hora eu tô aqui
A lua tá tão clara
E eu não posso mais dormi
Pra encurtá a conversa, nóis cheguemo em casa, nossas muié passô a mão num cabo de vassoura e
Catarina vem cá embaixo
Que uma hora eu tô aqui
A lua tá tão clara
E eu não posso mais dormi
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