Autonomy (feat. Lucy)

Liberdade e vigilância em "Autonomy (feat. Lucy)" de Boy Harsher

Em "Autonomy (feat. Lucy)", Boy Harsher explora o desejo de liberdade individual em meio a sentimentos de perseguição e vigilância. A repetição da palavra "autonomy" ao longo da música destaca essa busca intensa por independência, especialmente evidente no verso “They’re on the move / And they’re onto me / Like they’re onto you” (“Eles estão em movimento / E estão atrás de mim / Como estão atrás de você”). Esse clima de tensão se conecta ao contexto do isolamento durante a pandemia, período em que a faixa foi composta, e ao suspense do filme "The Runner", para o qual a música foi criada.

A participação de Lucy traz leveza à atmosfera densa, criando um contraste entre o desejo de escapar e a opressão sentida. A letra também aborda a fragilidade da memória e da identidade, como em “Memory’s a blessing in a safe mind / Feels lucky somebody could replace mine” (“A memória é uma bênção em uma mente segura / Me sinto sortudo se alguém pudesse substituir a minha”). Aqui, a lembrança aparece tanto como refúgio quanto como peso, especialmente em tempos de solidão. A imagem dos “angels marching in a straight line” (“anjos marchando em linha reta”) sugere forças que impõem controle, enquanto “Saw a fire on the runway / Feels like it’s gonna fly away someday” (“Vi um fogo na pista / Parece que um dia vai voar para longe”) expressa esperança de libertação. O refrão “What do you see in me? / What will come / When we run” (“O que você vê em mim? / O que virá / Quando corrermos”) reforça a incerteza sobre o futuro e a necessidade de agir, mesmo sem garantias. Assim, a música se apresenta como um manifesto de resistência pessoal diante do medo, da perda e do desejo de autonomia em tempos difíceis.