Corre Dobrado

Superação e identidade periférica em “Corre Dobrado”

Em “Corre Dobrado”, Bradockdan explora a distância entre suas origens humildes e as conquistas alcançadas, usando a frase “piso em Paris mas vim do fundo de Guaianazes” para ilustrar não só a diferença geográfica, mas principalmente a transformação pessoal. Paris surge como símbolo de vitória para quem veio da periferia, enquanto Guaianazes representa o ponto de partida marcado por desafios. O termo “corre dobrado”, central na música, reforça que, para quem vem de contextos desfavorecidos, o esforço para realizar sonhos é sempre maior, exigindo resiliência e determinação diante de obstáculos que muitos desconhecem.

A letra traz uma narrativa de superação, com Bradockdan relembrando momentos de dificuldade, como nos versos “já foi difícil sonhar” e “toda noite turbulenta que eu perdi chorando era pra me esvaziar”. A menção a “Lembro o neguinho dizendo: Laroiê” faz referência à saudação a Exu nas religiões de matriz africana, simbolizando proteção e abertura de caminhos, conectando a espiritualidade à luta diária. O orgulho pelas conquistas, como “dei uma casa pra minha véia” e “contrato do ano, jovem do ano”, aparece de forma legítima, sem ostentação, mostrando que o sucesso é fruto do esforço contínuo. O tom motivacional da música destaca que, apesar das adversidades, é possível transformar sonhos em realidade mantendo fé, persistência e respeito às próprias raízes.