À Mireille

À Mireille

À Mireille

Não trema, mas eu preciso dizerNe tremblez pas, mais je dois le dire
Ela foi assassinada com uma facaElle fut assassinée au couteau
Por um maldito garoto mauPar un fichu mauvais garçon
No quarto dela, ali atrás do PanteãoDans sa chambre, là-bas derrière le Panthéon
Rua Descartes, onde morreu Paul VerlaineRue Descartes, où mourut Paul Verlaine

Ô! Sim, eu a amei muito, minha pequenaÔ! Oui, je l'ai bien aimée ma petite
Pequeno Verglas, tão boa para mimPetit Verglas, à moi si bonne
E tão doce e tão tristeEt si douce et si triste
Por que sua tristeza?Pourquoi sa tristesse?
Eu não tinha percebidoJe ne l'avais pas deviné
Eu não podia adivinharJe ne pouvais pas le deviner

Não, eu soube depoisNon, je l'ai su après
Você me escondeuTu me l'avais caché
Que seu pai morreu na guilhotinaQue ton père était mort sur l'échafaud
Pequeno Verglas!Petit Verglas!
Eu deveria ter entendido pelos seus sorrisosJ'aurais bien dû le comprendre à tes sourires

Eu deveria ter percebido pelos seus olhinhos, cheios de sangueJ'aurais dû le deviner à tes petits yeux, battus de sang
Pelo seu olhar azul indefinívelÀ ton bleu regard indéfinissable
Piscando e cheio de contençãoPapillotant et plein de retenue

E eu que sempre parecia te dizerEt moi qui avais toujours l'air de te dire
Mademoiselle, quer compartilhar minha estátua?Mademoiselle, voulez-vous partager ma statue?
Ah, eu deveria ter entendido pelos seus sorrisosAh, j'aurais dû comprendre à tes sourires
Seus olhos azuis, cheios de contençãoTes yeux bleus battus et plein de retenue

E eu te chamava assim: Pequeno VerglasEt je t'appelais comme ça: Petit Verglas
Que coisa boba, um poeta!Que c'est bête, un poète!
Pequena carne arrepiadaPetite chair transie
Eu só soube depois que seu pai morreu assimMoi, je ne l'ai su après que ton père était mort ainsi

Perdoe-me, Pequeno VerglasPardonne-moi, Petit Verglas
Voe, anjos!Volez, les anges!