Ânsia

“Ânsia” e o direito de escolher prazer e cuidado no amor

“Ânsia” transforma a espera romântica em gesto de autonomia: a narradora recusa promessas vazias e escolhe o próprio prazer. O verso “A ânsia foi maior” traz duplo sentido entre impaciência afetiva e desejo corporal, sinalizando que a realização é emocional e sexual ao mesmo tempo. Quando ela afirma “eu me entreguei pra outro alguém” e descreve “uma noite de amor”, a canção diz sem pudor que o corpo também pede resposta. No refrão, as linhas “me abriu todas as portas do amor / me fez uma mulher realizada / me tirou todas as dúvidas do amor” mostram, em sequência, abertura emocional e descoberta sexual, autoestima reafirmada e a passagem da incerteza para a confiança. A contraposição é direta: quem jurou não cumpriu; quem chegou depois “conquistou”, oferecendo na prática o cuidado e o prazer que faltavam.

Composta por Esdras Azevedo e imortalizada pela voz marcante de Eliza Mell na Brega.com, “Ânsia” usa a franqueza do brega pernambucano para transformar confissão em força — por isso seu estouro nas rádios no início dos anos 2000. A interpretação de Eliza dá calor e verdade à história, tornando o refrão uma celebração do direito de se sentir amada e satisfeita. Anos depois, a regravação de Pabllo Vittar no álbum Batidão Tropical apresentou essas mesmas linhas — “me mostrou o prazer do amor / me fez uma mulher realizada” — a uma nova geração, reforçando a leitura de liberdade afetiva e alegria pela realização, sem culpas e sem espera infinita, com escolha e prazer no centro do amor.