Doomed

Ciclos de autossabotagem e resignação em “Doomed”

Em “Doomed”, do Bring Me The Horizon, a estrutura da música alterna entre versos sufocantes e refrões mais abertos, refletindo os altos e baixos vividos por Oliver Sykes durante sua luta contra vícios. O próprio vocalista já explicou que esse contraste sonoro simboliza momentos de ansiedade intensa seguidos por breves períodos de alívio proporcionados pelo uso de drogas. Assim, a canção se torna um retrato direto da instabilidade emocional e do niilismo presentes em sua vida.

A letra traz imagens claras de autossabotagem e resignação. Trechos como “Cut off my wings and come lock me up” (“Corte minhas asas e venha me trancar”) e “Just pull the plug, yeah, I've had enough” (“Apenas desligue tudo, já tive o suficiente”) expressam o desejo de fuga e rendição diante do sofrimento. A repetição de “You can have my heart” (“Você pode ficar com meu coração”) sugere uma entrega total, quase como um sacrifício para aqueles ao redor, chamados de “vampires” (“vampiros”) – uma metáfora para pessoas ou situações que drenam sua energia. O refrão “So come rain on my parade” (“Então venha estragar minha festa”) mostra uma aceitação amarga da adversidade, enquanto “I think we're doomed” (“Acho que estamos condenados”) reforça o sentimento de fatalismo. Outros versos, como “I asked for death, but instead I'm awake” (“Pedi a morte, mas continuo acordado”) e “The devil told me: No room for cheats / I thought I'd sold my soul, but he kept the receipt” (“O diabo me disse: não há lugar para trapaceiros / Achei que tinha vendido minha alma, mas ele guardou o recibo”), ilustram a frustração de buscar alívio extremo e encontrar apenas mais dor. No fim, a música revela a vulnerabilidade diante do caos interno, mostrando como, mesmo no desespero, existe uma estranha atração pelo próprio sofrimento.