Fico Com Você

“Fico Com Você”: quando o ‘ficar’ vira compromisso

“Fico Com Você” joga com um duplo sentido bem brasileiro: “ficar” pode ser só um lance ou a decisão de permanecer junto. A letra expõe esse conflito com franqueza. O eu lírico tenta bancar o desapego, mas confessa medo e dependência: “Me afastei de você / Só porque tenho medo”. O orgulho aparece como blefe em “Eu digo que já tô em outra”, e a fuga por distração surge em “Eu que dou beijo na boca / Só pra te esquecer”. Nada disso resolve. Entre autoproteção e desejo, a fachada desaba no convite íntimo “Mas, amor, vem cá” e no reconhecimento do teatro: “Me faço de difícil à toa”. A virada vem quando o verbo muda de registro e vira escolha: “Eu fico com você”.

Lançada em 2016, a canção se encaixa no repertório romântico de Bruninho e Davi, que trata das idas e vindas de quem tenta seguir em frente, mas não consegue se desligar. O arranjo mistura sertanejo com pegada pop/rock e dá leveza confessional à narrativa, soando mais como conversa do que drama. Em 2020, a versão com Jay Jenner reforça essa ideia de renovação, atualizando a sonoridade sem mexer no núcleo emocional: admitir que bravatas e beijos por esporte eram defesa. No fim, a música celebra a rendição ao afeto, quando o “ficar” passageiro se transforma em decisão de ficar junto.