Veronika

Talvez eu esteja louco
Eu vou ver o psi-isqui
Eu vou ver o doutor

A vida é absurda, mano
Quem vai me encontrar suspenso no teto?
Parado, imobilizado
Talvez só assim pra eu ficar quieto
Direto e reto, eu nem vou ter chorado
Quem é que vai achar meu crânio aberto?
Largado e deformado

Talvez só assim pra eu ficar quieto
Direto e reto, eu nem vou ter chorado
Tô com a cara colada no asfalto
Acho que deveria ter pulado de mais alto
Eu até era um cara amigável
Mas o concreto parecia ser tão confortável (gostosinho)

Bolando cianeto na blunt
Me apagou, mas só por um instante
Bolando mais cianeto na blunt
E vai me apagar em instantes
Tô vomitando pra caralho
Continuar respirando tá virando trabalho
Eu tô surtando, mano
Teto preto do cianeto agora me apagando (apagou)

Tenho o plano perfeito de partida
Vou deixar o gás ligado por umas horinhas
Fechar todas as janelas e qualquer saída
Depois acendo um baseado dentro da cozinha

Mano, eu tô no limbo, eu tô no sufoco
Talvez eu esteja louco
Eu e a loucura só trocando soco
Talvez eu esteja louco
Mano, eu tô no limbo, eu tô no sufoco
Talvez eu esteja louco
Falando sozinho até ficar rouco
Talvez eu esteja louco
Escrevi essa numa noite de domingo
Duas da manhã, nove de dezembro
Enquanto se pá você tava de boa dormindo
A tua empatia por mim? Só em setembro
(Só em setembro)

É que faz muito pouco tempo que eu entendi
Que começa em mim querer mudar isso aqui
E se alguém se identifica com isso aqui
Significa que eu nunca morri
Ninguém vai me achar suspenso no teto
Curado, eu tô mudado
Eu só me sentia tão incompleto
Só tava cansado de sofrer calado
Ninguém vai achar meu crânio aberto
Curado, eu tô mudado

Acho que eu só queria um pouco de afeto
Só tava cansado de sofrer calado
É isso aí, mãe, vô, podem ficar de boa
Não vai mais acontecer nada, não
E brigado, tio, aí pelos conselhos e pelo moletom
É nóis!