Queremos Mais

Amor cúmplice e entrega em “Queremos Mais”, Bruno & Marrone

Em “Queremos Mais”, de Bruno & Marrone, com letra de Ivan Medeiros e Nildomar Dantas (álbum Acústico, 1999), a história começa com aparente cautela — “agora que começa uma amizade” —, mas o reencontro e o vinho viram senha para a entrega. O refrão funciona como manifesto de desejo compartilhado: “Queremos mais”, repetido como juramento de igualdade e excesso. O enredo mostra dois amantes que tentaram se conter — “Se eu aprendesse a viver sozinho” —, assumem a responsabilidade — “Foi descuido meu e seu” — e aceitam o risco: “Se a gente beber demais / Seja o que Deus quiser”. Tudo se organiza quando a canção afirma a simetria do sentimento — “Nossos desejos são iguais” — e a escolha consciente de “pagar pra ver”, equilibrando esperança e corres mútua.

As imagens ampliam a intensidade e a ideia de totalidade: “Mil anos de paixão” (hipérbole), a vigília “até a Lua adormecer / o Sol nascer” e, sobretudo, a metáfora dos quatro elementos — “é terra, é fogo, é água, é ar” —, que traduz profundidade e completude do encontro. O verso “é sangue, é alma, é coração” reforça um amor que envolve corpo e espírito. Há ambiguidades produtivas: “beber demais” alude tanto ao álcool quanto à embriaguez da paixão; “descansar na solidão” pode ser a pausa após o ardor ou um isolamento a dois, longe do mundo. No fim, prevalece o pacto afetivo mesmo quando a razão vacila: “Se eu quero você quer / Posso ler seu coração”. O refrão retorna como âncora emocional, reafirmando que o desejo compartilhado não diminui — a cada risco assumido, “queremos muito e muito mais.”