Colateral Damage

Crítica social e legado colonial em “Colateral Damage”

Em “Colateral Damage”, Burna Boy faz uma crítica direta à corrupção sistêmica na Nigéria. A repetição dos versos “Ambassador go dey chop / And governor go dey chop / And president go dey chop” expõe como o desvio de dinheiro público se tornou algo comum entre autoridades, usando a gíria “chop” para mostrar tanto o ato de comer quanto de se apropriar de recursos. Essa escolha de palavras reforça a ideia de que a corrupção está enraizada no cotidiano do país, enquanto a população permanece passiva, como mostra o verso “When dem say make we jump, we go jump” (Quando mandam a gente pular, a gente pula), evidenciando a obediência e a falta de reação diante dos abusos.

Burna Boy amplia a crítica ao afirmar “Because na we be our own problem ehee / Na who go come reason well?” (Porque nós somos nosso próprio problema, quem vai pensar direito?), responsabilizando também a sociedade por aceitar e perpetuar esse sistema. Ele conecta essa situação ao passado colonial, dizendo que a Nigéria é um “dano colateral” de um projeto britânico fracassado, sugerindo que o sofrimento atual é consequência direta da exploração histórica. Versos como “Police dey slap here well well / Hungry dey wire dem well well” (A polícia bate aqui de verdade / A fome atinge eles de verdade) mostram o impacto real da corrupção na vida das pessoas. Ao citar o medo constante – “My people serve they fear too much / We fear the thing we no see” (Meu povo também tem medo demais / Temos medo do que não vemos) – Burna Boy denuncia a cultura de repressão e resignação. Inspirado por Fela Kuti, ele convoca a sociedade a romper esse ciclo e buscar mudanças.