Ainda Quero

“Ainda Quero”: amor como refúgio e recomeço seguro

“Ainda Quero” transforma a ideia de fuga em pacto de proteção e recomeço. O impulso de cuidar e insistir no amor dialoga com a trajetória de resiliência de Button Rose: após perder o pai, ele sustentou a família vendendo sabão, óleo e cebola na praça da Teixeira, no Cassequel — vivência que dá lastro ao tom de perseverança da canção. Na letra, ele deseja exclusividade e presença (“É só você que eu quero”) e propõe ir “pra onde ninguém pode nos separar”, um lugar seguro para blindar a relação. Essa fuga pode ser literal, como sumir a dois para evitar interferências, e simbólica, como erguer abrigo emocional contra pressões e dores do cotidiano. As imagens de carinho — “sinto o melaço em cada abraço”, “teu toque é divino”, “olhar angelical” — idealizam a amada e articulam desejo e afeto; “melaço” sugere doçura e um vínculo que gruda, firme. O humor em “acho que a minha sogra exagerou” aproxima o cotidiano e sinaliza intimidade familiar sem reduzir o compromisso.

A narrativa vai do encanto inicial ao compromisso público: ele vence a timidez, ganha coragem e promete “viajar contigo no mundo inteiro/gritar pro mundo inteiro ouvir” — assumir o amor em voz alta e transformar limites em horizontes, coerente com sua própria superação. O refrão “Sem você não quero” reforça exclusividade. Já “Me abraça, mori” e “essa dança… é pra esquecer todo sofrimento” funcionam como cuidado imediato: acolher, enxugar lágrimas e curar o que doeu. “Fugir contigo” retorna como ideia-força de proteção e reescrita da história, seja para escapar de quem “pode nos separar/encontrar”, seja para começar de novo. No conjunto, toque, abraço e dança condensam a mensagem: amor como refúgio ativo, que protege, trata feridas e segue em frente.