Verdura

Contrastes e crítica social em “Verdura” de Caetano Veloso

Em “Verdura”, Caetano Veloso, em parceria com Paulo Leminski, utiliza a cor verde como símbolo de sentimentos opostos, como alegria e tristeza, evidenciado nos versos “A cor mais alegre / A cor mais triste”. Essa ambiguidade mostra como o verde vai além de uma simples cor, tornando-se uma metáfora para emoções, lembranças e encontros marcantes, como em “O dia em que te vi / O dia em que me viste”. A música propõe uma reflexão sobre como as experiências pessoais podem ser contraditórias e profundas, conectando cor, memória e sentimento.

Na segunda estrofe, a canção adota um tom crítico ao abordar a venda dos filhos para uma família americana. Esse trecho traz uma crítica social e econômica, sugerindo que a busca por melhores condições de vida pode levar a decisões dolorosas e à ruptura de laços familiares. A menção à família americana com “carro”, “grana” e “casa” destaca o contraste entre o sonho de prosperidade material e a perda de vínculos afetivos. A ironia aparece em “só assim eles podem voltar / E pegar um sol em Copacabana”, mostrando a distância entre o desejo de ascensão social e a realidade de quem precisa se afastar de suas origens. Assim, “Verdura” mistura contemplação poética e crítica social, usando imagens simples para provocar reflexão sobre pertencimento, saudade e desigualdade.