Onde Andarás

Saudade e Solidão em 'Onde Andarás' de Caetano Veloso

A música 'Onde Andarás', interpretada por Caetano Veloso, é uma expressão melancólica de saudade e solidão, refletindo sobre a ausência de um amor que se foi. A letra começa com uma pergunta retórica sobre o paradeiro da pessoa amada durante uma tarde 'vazia', 'clara e sem fim'. A repetição da imagem do mar batendo azul em Ipanema evoca uma sensação de continuidade e imutabilidade, contrastando com a mudança abrupta na vida do eu-lírico causada pela perda do amor.

O coração do eu-lírico está claramente marcado pela dor da rejeição, evidenciado pela menção de que seu endereço foi apagado do coração da pessoa amada. A descrição dos elementos cotidianos do apartamento, como a 'cigarra', o 'chão de cimento', a 'escada', o 'elevador' e a 'cortina amarela', ressalta a sensação de vazio e inutilidade que agora permeia sua existência. Esses objetos, antes partes de uma rotina compartilhada, agora são meros espectadores de sua dor e solidão.

A canção termina com uma nota de esperança, ainda que tênue, com o eu-lírico saindo à rua 'sem saber pra quê', movido pela 'esperança talvez de que o acaso, por mero descaso, me leve a você'. Essa última estrofe revela um desejo quase desesperado de reencontro, onde o acaso poderia, ironicamente, reparar o que o destino desfez. A música, portanto, não apenas fala de perda, mas também da dificuldade de seguir em frente e da pequena chama de esperança que, apesar de tudo, persiste.