Reconvexo

Identidade e resistência cultural em “Reconvexo” de Caetano Veloso

Em “Reconvexo”, Caetano Veloso se apresenta como uma força que ultrapassa fronteiras, usando imagens como “a areia do Saara que chega a Roma” para simbolizar a presença e a influência da cultura brasileira em lugares inesperados. O termo “reconvexo”, criado por Caetano, sugere uma identidade múltipla e difícil de classificar, indo além do tradicional “Recôncavo” baiano. Assim, ele propõe que a cultura da Bahia e do Brasil é muito mais rica e complexa do que os estereótipos costumam mostrar.

A letra também funciona como uma resposta às críticas de Paulo Francis, que menosprezava a cultura baiana. Caetano responde exaltando figuras e símbolos que representam a diversidade do Brasil. Ele cita a “sombra da voz da matriarca da Roma Negra”, referência a Mãe Aninha e ao candomblé em Salvador, além de mencionar nomes como Henri Salvador, Olodum, Andy Warhol, Dona Canô, Joãozinho Trinta e Bobô. Essas referências mostram a amplitude das manifestações culturais brasileiras. Ao repetir “quem não...”, Caetano desafia quem não reconhece ou valoriza essas referências, criando uma divisão entre quem entende a profundidade da cultura brasileira e quem permanece distante. O tom afirmativo e orgulhoso da música, inspirado em canções como “Gita” e “Fruta Gogóia”, transforma “Reconvexo” em um manifesto de pertencimento e resistência cultural.