A Mulher

A força e a transcendência feminina em “A Mulher”

Em “A Mulher”, Caetano Veloso constrói uma imagem de feminilidade marcada pela leveza e pela transcendência. A cena em que a mulher "sobe" e toca o chão apenas com a ponta do pé sugere que, para o artista, o feminino ultrapassa o cotidiano e se aproxima do sublime. O verso “brilhando no poço de tempo que abriu-se ao rés de seu ser de mulher” reforça a ideia de que a mulher possui uma força transformadora, capaz de alterar o ambiente ao seu redor e abrir caminhos para dimensões mais profundas da existência.

O contexto das declarações de Caetano sobre sua relação fluida com a masculinidade e sua identificação com o feminismo acrescenta uma camada de respeito e admiração à canção. Ao afirmar que a mulher “se abriu sem ter que morrer”, ele destaca a capacidade de renovação e liberdade feminina, em contraste com as limitações impostas historicamente às mulheres. O verso final, “todo homem viu”, funciona como um convite para que todos reconheçam e celebrem essa força, indo além dos papéis tradicionais de gênero. Assim, “A Mulher” se apresenta como uma homenagem à autonomia e à complexidade da mulher, valorizando sua presença e potência transformadora.