Beleza Pura

Orgulho e identidade negra em “Beleza Pura” de Caetano Veloso

“Beleza Pura”, de Caetano Veloso, é uma celebração da beleza negra e da cultura afro-brasileira, valorizando-as acima de qualquer riqueza material. O refrão “Não me amarra dinheiro não!” deixa claro que, para o artista, o dinheiro não é o que realmente importa. Caetano destaca a formosura, a pele escura, a carne dura, a elegância e a cultura como verdadeiros tesouros, associando esses elementos à identidade negra de Salvador. Ao mencionar bairros como Curuzu, Federação e Boca do Rio, ele homenageia comunidades marcadas por sua herança cultural e resistência, reforçando que a verdadeira riqueza está na autenticidade e nas tradições dessas pessoas.

A letra também faz referência a grupos como Ilê Aiyê, Filhos de Gandhi e Badauê, conectando a música ao fortalecimento dos movimentos negros nos anos 1970, quando a população negra passou a ocupar novos espaços sociais e culturais em Salvador. Elementos como o cuidado com o cabelo, as tranças, as conchas do mar e os turbantes são apresentados como símbolos de orgulho e sofisticação, mostrando que a beleza está nos detalhes e nos rituais do dia a dia. Inspirado pelo verso de Elomar “Viola, alforria, amor, dinheiro não”, Caetano reforça que liberdade, amor e cultura são mais valiosos do que qualquer bem material. Assim, “Beleza Pura” se torna um hino à identidade negra, à elegância e à riqueza cultural do povo brasileiro.