A Rã

Contemplação e natureza em “A Rã” de Caetano Veloso

Em “A Rã”, Caetano Veloso encerra a letra com “A rama, o sapo, o salto de uma rã”, fazendo uma referência direta ao famoso haicai de Matsuo Bashô. Essa escolha não só homenageia a poesia japonesa, mas também convida o ouvinte a contemplar a beleza dos instantes simples e transformadores, característica marcante do haicai. O minimalismo e o tom meditativo da canção são reforçados por essa conexão, valorizando cada elemento natural como parte de um todo harmônico.

A letra utiliza aliterações e repetições, como em “de flor de flor em flor / de samba em samba em som de vai e vem”, criando uma atmosfera leve e lúdica que acompanha a melodia original de João Donato. As imagens do cotidiano, como “pé de capim”, “bico de pena”, “pio de bem-te-vi” e “claridade da manhã”, transmitem uma sensação de pertencimento e comunhão com a natureza. Ao afirmar “a grama a lama tudo é minha irmã”, Caetano expressa uma visão de unidade com o ambiente, celebrando a simplicidade e os pequenos ciclos da vida. Assim, a música propõe um olhar atento para o cotidiano, mostrando que a felicidade pode ser encontrada nos detalhes mais singelos.