Avarandado

Saudade e esperança em “Avarandado” de Caetano Veloso

Em “Avarandado”, Caetano Veloso expressa a saudade de sua namorada Dedé Gadelha por meio de imagens serenas e contemplativas, usando a estrada como metáfora para o percurso emocional entre a ausência e o reencontro. Quando cita “cada palmeira da estrada / uma moça recostada”, ele mostra como a lembrança da amada está presente em cada detalhe do caminho, transformando a paisagem em um reflexo do desejo de proximidade e da saudade.

A letra cria um clima de calma e expectativa, especialmente ao afirmar “qualquer canção, quase nada / vai fazer o sol levantar”. Esse trecho reforça a sensação de que o tempo passa devagar quando se espera por um novo dia ou por um reencontro, e que a música serve como companhia nesse período de espera. No final, “vamos andando na estrada / que vai dar no avarandado do amanhecer” conecta diretamente ao contexto vivido por Caetano: o “avarandado” representa o lugar de chegada, acolhimento e esperança, onde o casal pode finalmente se encontrar ao nascer do dia. Assim, a canção traduz de forma delicada o romantismo, a saudade e a expectativa de um novo começo ao lado de quem se ama.