Baby

Crítica e afeto em “Baby”: consumismo e identidade cultural

A música “Baby”, de Caetano Veloso, utiliza uma linguagem simples para abordar questões profundas sobre a influência estrangeira e o consumismo no Brasil dos anos 1960, temas centrais do movimento tropicalista. Ao citar itens do cotidiano como “piscina”, “margarina”, “gasolina” e a necessidade de “aprender inglês”, Caetano faz uma crítica irônica à valorização de símbolos e hábitos importados, mostrando como eles passaram a moldar os desejos e o comportamento da sociedade brasileira. A inclusão de palavras em inglês e a menção à camiseta com “I love you” — um pedido feito por Maria Bethânia, segundo relatos — reforçam essa mistura cultural e a provocação à superficialidade dos modismos da época.

Mesmo com um tom leve e quase ingênuo, “Baby” também expressa uma busca por conexão e afeto em meio a tantas mudanças. O refrão repetitivo “Baby, baby, I love you” (Baby, baby, eu te amo) funciona tanto como uma declaração de amor quanto como uma paródia dos clichês românticos estrangeiros. Versos como “Você precisa saber de mim” e “Me ver de perto” revelam o desejo de intimidade e autenticidade, contrastando com a lista de necessidades superficiais. Assim, Caetano Veloso equilibra crítica social e ternura, criando um retrato irônico, mas carinhoso, de uma geração em transformação.