
Como 2 e 2
Caetano Veloso
Ironia e resistência em “Como 2 e 2” de Caetano Veloso
O verso “tudo certo como dois e dois são cinco” traz uma ironia marcante: ao afirmar algo logicamente impossível, Caetano Veloso critica a distorção da verdade e o clima de absurdo vivido durante a ditadura militar. Escrito no período de exílio do artista, esse trecho funciona como uma crítica indireta ao regime, que tentava impor uma aparência de normalidade enquanto a sociedade enfrentava censura e medo. A repetição dessa frase ao longo da música reforça a ideia de que, apesar das aparências, nada está realmente "certo".
A letra mistura dúvida, ironia e sensibilidade, especialmente em versos como “digo, não digo, não ligo, deixo no ar” e “falo, não calo, não falo, deixo sangrar”. Esses trechos mostram o dilema de se expressar em tempos de repressão: existe o desejo de falar, mas também o medo das consequências, o que leva a uma comunicação ambígua e cheia de subentendidos. O ambiente descrito como “tudo em volta está deserto” e “a mesma lua a furar nosso zinco” reforça a solidão e a sensação de estagnação. Mesmo assim, a música se torna um espaço de resistência e expressão, ainda que de forma indireta.
A participação de Roberto Carlos, conhecido por evitar temas políticos, amplia o alcance da canção e mostra como a mensagem de “Como 2 e 2” ultrapassa barreiras. Assim, a música é um retrato do contexto histórico e uma reflexão sobre a dificuldade de ser autêntico e sensível diante da adversidade, usando ironia e poesia para desafiar o absurdo da realidade.
O significado desta letra foi gerado automaticamente.



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