É Hoje

Carnaval e celebração coletiva em “É Hoje” de Caetano Veloso

“É Hoje”, interpretada por Caetano Veloso, celebra o sentimento de pertencimento e triunfo coletivo que define o Carnaval, especialmente nos desfiles das escolas de samba. A letra transforma a experiência individual em uma festa universal, como nos versos “A minha alegria atravessou o mar / E ancorou na passarela”, mostrando que a felicidade é tão intensa que ultrapassa fronteiras e se concretiza no espaço do samba. O trecho “Será que eu serei o dono dessa festa / Um rei / No meio de uma gente tão modesta” reforça a ideia de que, durante o Carnaval, todos podem se sentir reis, independentemente de sua origem, promovendo uma alegria democrática e inclusiva.

A música foi originalmente composta como samba-enredo para o G.R.E.S. União da Ilha do Governador, o que explica sua forte ligação com o universo carnavalesco e a ênfase no desfile como “o maior show da terra”. Elementos como “Levei o meu samba pra mãe de santo rezar / Contra o mau olhado eu carrego meu patuá” trazem referências à proteção espiritual e à tradição afro-brasileira, mostrando que a preparação para o Carnaval envolve fé e rituais, além de ensaio e fantasia. O refrão “É hoje o dia da alegria / E a tristeza, nem pode pensar em chegar” resume o espírito da canção: um convite para viver o presente com intensidade, afastando qualquer negatividade. Já a repetição de “Diga espelho meu / Se há na avenida alguém mais feliz que eu” brinca com a vaidade, mas aqui serve para exaltar a felicidade plena e contagiante do Carnaval.