Meia Lua Inteira

Resistência e identidade afro-brasileira em “Meia Lua Inteira”

Em “Meia Lua Inteira”, Caetano Veloso utiliza termos como “meia-lua inteira” e “sopapo” para fazer referência direta aos golpes da capoeira, mas também para simbolizar resistência e afirmação cultural. A música transforma a luta física em uma celebração da identidade afro-brasileira, mostrando como a capoeira vai além do combate e se torna um ato de resistência e orgulho. A menção a “São Bento”, figura importante tanto na capoeira quanto em tradições religiosas afro-brasileiras, reforça a ligação entre espiritualidade, cultura popular e luta.

A letra é marcada por um ritmo envolvente e repetições como “Uera rá rá rá” e “capoeira rá rá rá”, que remetem ao ambiente dos terreiros, onde a capoeira é praticada coletivamente. Expressões como “cocar de coqueiro baixo” e “martelo do tribunal / sumiu na mata adentro / foi pego sem documento” trazem críticas sociais sutis, abordando a marginalização e a resistência dos capoeiristas, historicamente perseguidos e associados à luta por liberdade. Ao repetir “não me impede de cantar”, a música reafirma a força de celebrar a cultura mesmo diante de adversidades. Interpretando a composição de Carlinhos Brown, Caetano Veloso transforma a canção em um manifesto de orgulho e resiliência das tradições afro-brasileiras, especialmente da capoeira.