Não Identificado

O amor enigmático e livre em “Não Identificado” de Caetano Veloso

Em “Não Identificado”, Caetano Veloso inova ao comparar o amor a um “disco voador” e a um “objeto não identificado”. Em vez de usar imagens tradicionais para falar de paixão, ele recorre ao desconhecido e ao universo, sugerindo que esse sentimento é misterioso e foge de qualquer definição comum. O verso “Para gravar um disco voador” reforça a ideia de que a mensagem de amor ultrapassa limites convencionais, buscando algo universal e atemporal.

O contexto histórico da música é fundamental para entender sua profundidade. Lançada durante o regime militar, “Não Identificado” passou despercebida pela censura, provavelmente por sua letra cheia de metáforas e aparente inocência. No entanto, Caetano insere uma crítica sutil à mecanização dos sentimentos, como em “Um anticomputador sentimental”, contrapondo a frieza da tecnologia ao calor do afeto humano. Ao citar o lançamento da canção “depois do carnaval”, ele sugere um momento de introspecção após a euforia coletiva, quando surge a solidão apaixonada. Assim, a música transforma o amor em algo enigmático, livre de rótulos, brilhando “no céu de uma cidade do interior” como um fenômeno raro e inexplicável.