O Estrangeiro

A Complexidade da Beleza e da Identidade em 'O Estrangeiro'

A canção 'O Estrangeiro' de Caetano Veloso é uma obra que mergulha profundamente na reflexão sobre beleza, identidade cultural e crítica social. Através de referências a figuras históricas e culturais, Caetano tece uma narrativa que explora a percepção da beleza e a sua subjetividade. A menção a Paul Gauguin e Cole Porter, que se encantaram com a Baía de Guanabara, contrasta com a visão de Claude Lévi-Strauss, que a viu de forma negativa. Essa dualidade serve para questionar o que é considerado belo e como isso é influenciado pela experiência individual.

A música também aborda a questão da cegueira, tanto literal quanto metafórica. Ao citar Ray Charles e Stevie Wonder, Caetano sugere que a cegueira não impede a percepção da beleza, e que talvez até a intensifique. A referência ao 'cego às avessas' amplia essa ideia para a percepção seletiva que todos temos, vendo o que desejamos ver e ignorando o que nos desagrada. A canção se desdobra em uma crítica social ao mencionar 'o macho adulto branco sempre no comando', destacando as estruturas de poder e preconceito que moldam a sociedade.

Por fim, 'O Estrangeiro' é uma reflexão sobre a identidade e o sentimento de pertencimento. Caetano se coloca como menos estrangeiro no lugar do que no momento, sugerindo uma desconexão com o tempo presente. A música termina com uma aceitação da beleza em suas diversas formas e uma rejeição à busca pela perfeição, abraçando a imperfeição e a diversidade como partes essenciais da experiência humana.