Queixa

Ambiguidade e dor do amor em "Queixa" de Caetano Veloso

Em "Queixa", Caetano Veloso explora a complexidade dos sentimentos diante de um amor marcado por fascínio, mágoa e desilusão. As imagens de "princesa", "serpente" e "senhora" refletem a ambiguidade emocional do artista, que mistura idealização, decepção e respeito em relação à pessoa amada. Essas metáforas, segundo o próprio contexto da composição, estão ligadas a uma separação dolorosa vivida por Caetano, o que explica o tom de desabafo e a intensidade da letra. Ao chamar a amada de "princesa", ele revela o encanto e a admiração; ao usar "serpente", sugere o veneno da decepção; já "senhora" indica respeito e uma busca por orientação, mostrando a confusão e a dependência emocional presentes na canção.

A letra destaca o contraste entre o amor delicado do início e a mágoa intensa após a rejeição, como nos versos: "Um amor assim delicado / Você pega e despreza" e "Um amor assim violento / Quando torna-se mágoa / É o avesso de um sentimento / Oceano sem água". A metáfora do "oceano sem água" reforça a sensação de vazio e perda de esperança. No trecho "Você pensa que eu tenho tudo / E vazio me deixa / Mas Deus não quer que eu fique mudo / E eu te grito esta queixa", Caetano expressa a necessidade de expor sua dor, mesmo diante da indiferença da outra pessoa. O título da música se conecta a esse lamento público, tornando "Queixa" um retrato sincero da vulnerabilidade e das contradições do amor não correspondido.