Vaca Profana

Transgressão e liberdade feminina em “Vaca Profana” de Caetano Veloso

Em “Vaca Profana”, Caetano Veloso propõe uma reflexão sobre a subversão de símbolos tradicionais ao unir o sagrado e o profano no título. A vaca, animal considerado sagrado em várias culturas, é transformada em uma figura feminina sensual e transgressora, que desafia normas sociais. A letra valoriza tanto a emoção quanto a irreverência, como nos versos “Escrevo, assim, minhas palavras / Na voz de uma mulher sagrada”, que homenageiam Gal Costa, intérprete da canção, reconhecendo sua voz como símbolo de força e renovação artística.

A música faz referências a cidades e movimentos culturais, como a “movida Madrileña”, Barcelona, Nápoles, Londres, Bahia, Rio e Belo Horizonte, ampliando o sentido de liberdade e diversidade. Ao citar artistas como Picasso e Thelonious Monk, Caetano sugere uma visão de mundo aberta à experimentação e à mistura de estilos. O refrão traz a imagem provocativa da “vaca profana” que “derrama o leite bom na minha cara / E o leite mau na cara dos caretas”, usando o leite como símbolo de fertilidade, prazer e rebeldia. “Caretas” representa os conservadores, que recebem apenas a recusa do prazer e da bênção. A canção também questiona a ideia de normalidade, como em “Mas eu também sei ser careta / De perto, ninguém é normal”, mostrando que todos transitam entre o convencional e o transgressor. Assim, “Vaca Profana” celebra a liberdade individual, a mistura de culturas e a recusa em se submeter a padrões impostos, tornando-se um hino à irreverência e à pluralidade.