Gênesis

A Criação do Universo e a Espiritualidade em 'Gênesis' de Caetano Veloso

A música 'Gênesis' de Caetano Veloso é uma reflexão poética sobre a origem do universo e a espiritualidade. A letra começa descrevendo um estado primordial de inexistência, onde 'não havia nada, nem gente, nem parafuso'. Este vazio inicial é preenchido pelo 'espírito de tudo', que toma a forma de uma jia, um tipo de peixe. A jia, ao dar o 'primeiro pulo', simboliza o início da criação, transformando o caos em cosmos e dando origem ao tempo, à matéria e à vida.

Caetano Veloso utiliza a metáfora da jia para representar o espírito criador, uma entidade que transcende a compreensão humana e que é capaz de dar forma ao universo. A letra sugere que a criação é um processo contínuo e dinâmico, onde o 'verso e reverso' do universo estão em constante transformação. Atribuindo um caráter sagrado a esse processo, a música convida o ouvinte a contemplar a profundidade e a complexidade da existência.

A canção também menciona uma 'tribo' de pessoas que possuem um conhecimento especial sobre a criação e a espiritualidade. Essas pessoas, dispersas entre os automóveis da vida moderna, são capazes de ver a 'cara da jia' e entender a sacralidade de tudo. A referência ao vinho, consumido em um 'determinado dia', pode ser interpretada como um ritual ou um momento de iluminação espiritual. A música, portanto, não apenas narra a criação do universo, mas também explora a conexão entre o sagrado e o cotidiano, sugerindo que tudo, desde o mais simples ao mais complexo, possui um valor espiritual intrínseco.