Livros

A relação entre literatura e existência em “Livros” de Caetano Veloso

Em “Livros”, Caetano Veloso utiliza imagens científicas e poéticas para destacar o papel transformador da literatura. Ao comparar os livros à “radiação de um corpo negro apontando pra a expansão do Universo”, ele sugere que a leitura tem o poder de criar novos mundos e ampliar horizontes, assim como a radiação cósmica indica a origem e a expansão do universo. Essa metáfora reforça a ideia de que os livros não apenas informam, mas também transformam a experiência humana, especialmente em contextos de acesso restrito à cultura, como nos versos “quase não tínhamos livros em casa / e a cidade não tinha livraria”.

A escolha de gravar a música no Real Gabinete Português de Leitura e o uso de versos decassílabos aproximam ainda mais a canção do universo literário, mostrando a intenção de Caetano de unir música e literatura. O trecho “os livros são objetos transcendentes / mas podemos amá-los do amor táctil” aborda a dualidade entre o valor simbólico dos livros e o apego físico a eles. Já a frase “lançá-los pra fora das janelas (talvez isso nos livre de lançarmo-nos)” sugere que, ao nos desfazermos de ideias ou obras que nos oprimem, evitamos a autodestruição. No verso final, “mas pra mim foste a estrela entre as estrelas”, Caetano transforma a pessoa amada em fonte de luz e inspiração, assim como os livros são para a cultura e a vida.