Billie Jean

Releitura irônica e brasileira em “Billie Jean” de Caetano Veloso

Em sua versão de “Billie Jean”, Caetano Veloso faz uma releitura criativa e irônica do clássico de Michael Jackson. Logo no início, Caetano insere versos em português que narram uma situação de sinuca e mencionam uma "nega maluca" que aparece com um filho, aproximando o tema da acusação de paternidade do cotidiano brasileiro. Essa introdução descontraída transforma o drama da música original em uma anedota, usando humor para abordar questões sérias como boatos e falsas acusações.

Ao mesclar a letra original em inglês — “Billie Jean is not my lover, she's just a girl who claims that I am the one, but the kid is not my son” (Billie Jean não é minha amante, ela é só uma garota que diz que eu sou o cara, mas o garoto não é meu filho) — com elementos da MPB e da bossa nova, Caetano suaviza o tom dramático da canção. O conselho “be careful of what you do” e “always think twice” (tenha cuidado com o que faz / sempre pense duas vezes) reforça a ideia de cautela em situações ambíguas. No final, Caetano ainda inclui o refrão de “Eleanor Rigby” dos Beatles — “Ah, look at all the lonely people” (Ah, olhe todas as pessoas solitárias) —, ampliando o sentido da música e sugerindo que todos os envolvidos buscam conexão, mesmo que de formas complicadas.

A mistura de estilos, línguas e o tom irônico fazem de “Billie Jean” uma reflexão sobre reputação, desejo e solidão, sem perder o humor característico de Caetano. Assim, ele homenageia o original e, ao mesmo tempo, traz o tema para o universo brasileiro, mostrando como questões universais podem ganhar novos significados em diferentes contextos.