Coisas Que Eu Sei

Amor e proteção em “Coisas Que Eu Sei”, de Caio Luccas

Em “Coisas Que Eu Sei”, Caio Luccas — em collab com NADAMAL, Dallass, Ayo Th, Rocco e Viper — mistura rua e afeto para falar de um relacionamento tenso, mas íntimo. A ameaça “vou te encher de tiro” funciona como juramento de proteção e demarcação de território, não como violência gratuita. Em paralelo, a lista de “coisas que eu sei” vira prova de proximidade: ele lê o humor dela, o cansaço e a saudade, tentando segurar a relação quando a comunicação falha. O desejo aparece sem rodeios (“na minha cama… tira sua roupa”), assim como a carência (“é foda quando eu tô longe”) e a cobrança quando se sente ignorado ou enganado (“tu não me atende”, “diz o que sente na minha frente”). Entre carinho e bronca, persiste a ideia de história compartilhada — “nós fazemos ficar na memória” — e o medo de perder isso: “nosso amor não pode ser jogado fora”.

Os símbolos reforçam a dualidade. “Minha base” soa como casa/fortaleza e também como QG de quem vive a rua. “AK novinho” e “vão tomar só bala” elevam o tom possessivo a um código de proteção; “bala” pode ter duplo sentido em outros contextos, mas, junto de “AK”, aponta para arma e bravata. “Pede ajudar a Deus e axé” mistura apelo religioso e energia espiritual como escudo. O corpo surge como lugar de reconciliação: “sem nada pela madrugada” / “tu rebola” / “descendo”. No conjunto, a faixa apresenta a marca de Caio Luccas: amor intenso, ciúme e lealdade, com a intimidade como trunfo para atravessar a distância e as falhas de comunicação.