ULTIMAMENTE (part. Tz da Coronel)

Isolamento e resistência em "ULTIMAMENTE (part. Tz da Coronel)"

"ULTIMAMENTE (part. Tz da Coronel)", de Caio Luccas, aborda o isolamento emocional e a autodefesa de quem cresceu em meio à violência e à desconfiança nas comunidades do Rio de Janeiro. O verso “Ultimamente só ando pensando em mim” mostra uma postura de autopreservação, resultado das experiências difíceis e das lições aprendidas ao longo do tempo. Esse sentimento se conecta ao contexto do álbum "Apocalipse", que explora a jornada introspectiva do artista. A letra deixa claro que o afastamento dos outros não é apenas uma escolha, mas uma necessidade para lidar com a pressão e a incompreensão de quem não compartilha da mesma realidade: “Eu não te devo nada / E você não vai me entender, mente já é doutrinada”.

A participação de Tz da Coronel aprofunda o retrato da vida nas favelas cariocas, trazendo elementos do cotidiano, como a presença constante da polícia (“deu fuga nos cana, na viatura”), o tráfico e a violência, mas também a busca por prazer e status, evidenciada nas referências ao uísque, festas e relacionamentos intensos. O trecho “Nós é a cara do crime, mas é whisky com gelo de coco no copão” mistura a imagem do perigo com o desejo de ostentar e aproveitar a vida, mostrando o contraste entre a dureza do ambiente e os momentos de celebração. A música também critica quem fala do “trap RJ” sem conhecer a realidade local: “Nunca pisou na favela, nunca viu traçante voando na sua janela”. Assim, a faixa une confissão pessoal, denúncia social e orgulho das origens, traduzindo em linguagem direta e urbana a complexidade de quem sobrevive e prospera no cenário do trap carioca.