Tutti

Desilusão e busca de liberdade em "Tutti" de Calcutta

Em "Tutti", Calcutta explora o sentimento de inadequação e frustração diante das expectativas sociais. Logo no início, a imagem de "scarpe nuove per i giorni di fango" (sapatos novos para dias de lama) mostra o contraste entre a esperança de algo novo e a realidade difícil, simbolizando o esforço em vão diante de situações adversas. Esse tom de cansaço coletivo e desapego das normas sociais atravessa toda a música, refletindo tanto questões pessoais quanto críticas sociais.

A menção aos "leghisti lì in riva al Po" (leghistas ali na margem do rio Pó) insere uma crítica política sutil, sugerindo desorientação e falta de liderança, ampliando o sentimento de fracasso para além do individual. No refrão, versos como "Tanto lo so che lo sai che non so che cosa ne pensa la gente / Per una volta che non, non ce ne fregava niente" (Eu sei que você sabe que eu não sei o que as pessoas pensam / Pela primeira vez, não nos importamos) mostram o desejo de se libertar do julgamento alheio. Imagens como "dormire nudi sui tetti" (dormir nus nos telhados) e "l'eclissi su Roma" (o eclipse sobre Roma) reforçam essa busca por liberdade. A "Coca Light" aparece como símbolo de fuga superficial, um alívio temporário diante do peso da realidade. A repetição de "che sembriamo tutti falliti" (que parecemos todos fracassados) destaca o sentimento de fracasso coletivo, enquanto a ponte revela vulnerabilidade e a necessidade de proteção emocional, como em "Non giocare col mio cuore / Che poi devasto una spiaggia" (Não brinque com meu coração / Senão eu destruo uma praia), sugerindo as consequências emocionais de relações mal resolvidas.

Assim, "Tutti" apresenta um retrato honesto do cansaço contemporâneo, misturando desilusão, desejo de liberdade e crítica social, tornando-se um espelho das inseguranças e frustrações de uma geração.