Estrelas Nos Olhos

Natal, perdão e reunião em “Estrelas Nos Olhos” do Calema

Em “Estrelas Nos Olhos”, o reencontro aparece como chegada concreta do amor ao lar: “O amor entrou em nossa casa”, quase como um personagem que entra junto com “um familiar que hoje voltou”. A canção transforma o Natal em um ritual simples e coletivo de cura, no qual partilha e perdão saem do discurso e viram gesto vivido à mesa: “Já estamos à volta da mesa”. Lançada pelo Calema especialmente para o período natalino, ela convida a celebrar o verdadeiro espírito de Natal e homenageia quem sonha com a reunião familiar, ideia refletida em imagens como “os desejos [que] voam” e na esperança de que “esse momento durasse para a vida inteira”. Há alegria serena e ternura, com um toque de nostalgia quando “todo o Natal faz acordar dentro de nós essa criança que vive”, ativando memórias e saudades.

As metáforas organizam essa narrativa em símbolos claros. A “fogueira” sugere proteção e acolhimento; as “luzes na cidade” indicam que a esperança se espalha para além da casa; “os desejos [que] voam” são votos que atravessam a distância; o “brilho no olhar” de quem volta aponta para reconciliação e recomeço; e a “criança que vive” reativa simplicidade, fé e abertura ao perdão. Quando o narrador deseja “em cada casa um pouco do que mais falta faz no mundo” e pede que “a partilha e o perdão tocasse o nosso coração”, o tema central se confirma: Natal como tempo de reunião, de dividir o que se tem e de curar feridas com gestos concretos. Lançada em um período de grandes conquistas para o Calema, a música ganha tom de celebração partilhada, como convite para transformar saudade em presença e esperança em ação.