It Comes

Ruptura e autoconhecimento em "It Comes" de Jerry Cantrell

Em "It Comes", Jerry Cantrell constrói uma atmosfera de despedida e transformação, marcada por referências sonoras que remetem ao rock introspectivo. Um exemplo é o trecho de guitarra inspirado em David Gilmour, especialmente em "Another Brick in the Wall, Part 2", que reforça o clima de transição emocional presente na música. Essa escolha conecta Cantrell a uma tradição de artistas que usam elementos culturais para aprofundar temas de ruptura e autoconhecimento.

A letra aborda o afastamento de situações ou relações desgastadas, como nos versos “I'm slowly drifting free / From the ragged company” (“Estou lentamente me libertando / Da companhia desgastada”) e “Let me go, it's all over” (“Me deixe ir, acabou”). O termo “ragged company” sugere convivências marcadas por desgaste emocional, enquanto “drifting free” indica um processo gradual de libertação. A metáfora “Notes in a symphony undone” (“Notas em uma sinfonia desfeita”) reforça a ideia de que a vida pode perder sua harmonia quando insistimos no que já não faz sentido. O tom melancólico se intensifica com a dúvida existencial em “Wonder will it ever feel alright / Slumber beneath a restless night” (“Será que algum dia vai ficar tudo bem? / Sono sob uma noite inquieta”), mostrando a incerteza e o desconforto do fim de ciclos. Ao deixar a interpretação aberta, Cantrell permite que cada ouvinte relacione a música às próprias experiências de despedida e superação.