Medo do Medo

Como “Medo do Medo” questiona o uso social do medo

Em “Medo do Medo”, Capicua revela como o medo vai além de um sentimento individual, sendo usado como ferramenta de controle e lucro na sociedade. Logo no início, ela aponta o ciclo econômico do medo: “É muito lucrativo que o mundo tenha medo, medo da gripe, são mais uns medicamentos”, mostrando como a indústria farmacêutica e outros setores lucram com a insegurança coletiva. O medo, segundo a artista, vira uma mercadoria que movimenta mercados e justifica medidas de vigilância e consumo, como em “O medo paga a farmácia, aceita a vigilância, o medo paga à máfia pela segurança”.

A letra percorre vários temores do cotidiano e da existência, como doenças, acidentes, solidão, envelhecimento e morte, mostrando como o medo está presente em todos os aspectos da vida moderna. Capicua também fala do “medo do medo”, conceito ligado à “Cultura do Medo” da sociologia, em que o próprio receio se torna paralisante. Ao citar medos direcionados a grupos sociais (“medo de judeus, negros, árabes, chineses”), ela denuncia como o medo é usado para alimentar preconceitos e divisões. O verso final, “Eles têm medo de que não tenhamos medo”, resume a crítica principal: a ausência de medo ameaça estruturas de poder que dependem da insegurança para se manter. Assim, a música faz um retrato direto e crítico de como o medo é cultivado e explorado em diferentes dimensões da sociedade.