Loucura (Sou do fado)

A herança coletiva e a paixão em "Loucura (Sou do fado)"

Em "Loucura (Sou do fado)", Carlos do Carmo apresenta o fado como algo que vai além de um simples gênero musical: é uma herança coletiva e inevitável para quem o sente profundamente. No trecho “Sou do fado / Como sei / Vivo um poema cantado / De um fado que eu inventei”, o artista mostra que não apenas interpreta, mas também reinventa o fado a partir de sua própria vivência. Isso reforça a ideia de que cada fadista imprime sua marca pessoal, mantendo viva a tradição ao mesmo tempo em que a transforma. O contexto histórico da música é importante, pois Carlos do Carmo foi um dos responsáveis por modernizar o fado, trazendo novos instrumentos e arranjos, sem perder a essência melancólica e reflexiva do estilo tradicional.

A letra também destaca o papel da coletividade e da tradição, especialmente ao citar os “poetas do meu país” como “troncos da mesma raiz / Da vida que nos juntou”. Aqui, o fado é visto como resultado de um esforço coletivo, onde poetas, músicos e intérpretes compartilham uma mesma origem e destino. O verso “E se vocês / Não estivessem a meu lado / Então não havia fado / Nem fadistas como eu sou” reforça que o fado só existe graças à colaboração e à inspiração mútua. A “loucura” mencionada na canção é celebrada como a paixão necessária para cantar e sofrer, sentimentos centrais do fado. Assim, a música valoriza tanto a dor quanto a bênção de pertencer a esse universo, destacando a entrega emocional e a comunhão artística que definem o gênero.