O Elefante

A criação e a resistência em “O Elefante” de Carlos Drummond

Em “O Elefante”, Carlos Drummond de Andrade utiliza a construção do animal com “meus poucos recursos” para simbolizar o desafio da criação artística em meio à escassez e à descrença. O uso de materiais simples, como madeira de móveis velhos, algodão e paina, remete ao contexto histórico do livro “A Rosa do Povo”, escrito durante a Segunda Guerra Mundial, período marcado por sentimentos de alienação e incerteza. O elefante, com sua “massa imponente e frágil”, representa tanto a busca por identidade quanto a vulnerabilidade diante de um mundo que “já não crê nos bichos / E duvida das coisas”.

O poema também aborda a dificuldade de comunicação e pertencimento. Quando o elefante sai “à procura de amigos”, é ignorado pela cidade, mesmo sendo “todo graça” e carregando “flores de pano / E nuvens, alusões / A um mundo mais poético”. Essa rejeição reflete a indiferença da sociedade diante da sensibilidade e da imaginação, temas recorrentes na obra de Drummond. No final, ao retornar “fatigado” e se desfazer, o elefante expõe a frustração do artista diante da incompreensão, mas a frase “Amanhã recomeço” sugere persistência e esperança. O poema equilibra a delicadeza da criação com a dureza do mundo, destacando a importância da empatia, da amizade e da resistência criativa em tempos difíceis.