Amor e Seu Tempo

A maturidade e a valorização do amor em “Amor e Seu Tempo”

Em “Amor e Seu Tempo”, Carlos Drummond de Andrade desafia a ideia de que o amor pleno é exclusivo da juventude. Logo no início, a afirmação de que “amor começa tarde” propõe que a maturidade é essencial para compreender verdadeiramente o sentimento amoroso. O texto sugere que o amor não é impulsivo ou imediato, mas sim um aprendizado que se constrói com o tempo, a partir das experiências e vivências acumuladas. Isso fica claro quando a letra menciona que o amor só se revela “quando se arquiva toda a ciência herdada, ouvida”, indicando que é preciso deixar de lado certezas prévias para vivenciar o amor em sua plenitude.

A música utiliza imagens marcantes para mostrar como a intimidade transforma o cotidiano. A cama, que era “mais estreita”, torna-se “a mais larga e mais relvosa”, simbolizando como a convivência e a cumplicidade ampliam o significado da vida a dois. Expressões como “ganho não previsto” e “prêmio subterrâneo e coruscante” reforçam a ideia de que o amor maduro é surpreendente e valioso, surgindo de forma inesperada e intensa, mas também passageira, como um “relâmpago cifrado”. Ao afirmar que, depois de decifrado, “nada mais existe valendo a pena e o preço do terrestre, salvo o minuto de ouro no relógio minúsculo, vibrando no crepúsculo”, Drummond destaca a preciosidade dos momentos de amor verdadeiro, que se tornam ainda mais significativos diante da rotina e da finitude da vida. O tom sereno da letra convida o ouvinte a valorizar o amor que nasce da maturidade, reconhecendo-o como um aprendizado tardio, mas profundamente recompensador.